O conceito Wellness tem sido interpretado de forma diferente numa época pós-pandemia. O lockdown global expôs algumas fragilidades e reforçou a ideia de equilíbrio entre as várias dimensões do ser. As pessoas agora entendem a necessidade de se conectarem com os outros, consigo mesmas e com o planeta.
Para antecipar as tendências wellness, o Global Wellness Institute e o Global Wellness Summit realizam anualmente um evento e produzem um relatório em janeiro, apresentando as pesquisas mais recentes sobre bem-estar.
Neste artigo vamos abordar cada uma das 12 principais tendências de saúde e bem-estar apresentadas.
1) Wellness e a Epidemia da Solidão
Com a crescente aposta do mercado em produtos e serviços que mantêm a nossa atenção cativa, a jornada da solidão tornou-se cada vez mais uma realidade. Além disso, a pandemia foi o ponto de rutura. Ela não apenas nos isolou nos nossos lares, mas também contribuiu significativamente para o rápido avanço do trabalho remoto.
Para combater a solidão, que se tornou ainda mais acentuada na vida de tantas pessoas, estão a ser desenvolvidos novos espaços e experiências que visam conectar as pessoas de forma real. Um exemplo inspirador é o caso do Remedy Place nos Estados Unidos.
2) Wellness e as Viagens Indígenas
Atualmente, não é necessário viajar para um país específico para desfrutar da sua identidade wellness. Citando o relatório do GWI, podemos experimentar uma massagem havaiana Lomi Lomi no Dubai, ou até mesmo aqui, em Portugal.
No entanto, existe uma crescente tendência para procurar autenticidade e experiências culturais em locais de origem, onde o conhecimento ancestral e as fontes de cura estão profundamente enraizados e são vividos na sua plenitude.
Os viajantes que optam por esta tendência wellness procuram, essencialmente, viver a realidade cultural do local onde se encontram, sentir que fazem parte da comunidade, seja através de rituais ou da alimentação. São experiências inclusivas, sustentáveis e regenerativas, como aquelas que a Consultoria Spa da Wellness Academy inclui nos programas que cria.
Ao optar por este tipo de viagens, os viajantes têm a oportunidade de se conectar com a sabedoria ancestral e os costumes locais, experimentando práticas de bem-estar únicas e integrando-se harmoniosamente nas comunidades que visitam. Ao escolher estas experiências faça-o de forma responsável e respeitosa, valorize e apoie as comunidades locais e os seus modos de vida. Podemos não apenas enriquecer a nossa própria jornada de bem-estar, como também contribuir para a preservação e valorização de outras culturas.
3) Workplace Wellness – o início do seu verdadeiro significado
Segundo a GWI, há quatro décadas que a palavra bem-estar é utilizada pelos empregadores. No entanto, a nível global, 70% dos funcionários oriundos de áreas do conhecimento, relataram sofrer de esgotamento em 2022, e 38% dos funcionários afirmam não estarem felizes no seu local de trabalho.
Agora, no período pós-pandémico e com muitos de nós a repensar a forma de encarar as nossas vidas, esta realidade tem vindo a sofrer alterações. Esta tendência manifesta-se hoje em dia através de pequenos detalhes, tais como férias estendidas para todos os colaboradores, a possibilidade de “desligar” do trabalho após o horário de saída, team buildings, retiros corporativos e, em alguns casos, até a criação de departamentos ou a contratação de empresas promotoras de felicidade.
No que diz respeito aos spas, não existem muitos estudos a considerar, mas os números nem sempre são animadores. Saiba que ferramentas podem ser utilizadas para modificar esta realidade.
Neste contexto, torna-se evidente a importância de priorizar o bem-estar dos funcionários e criar ambientes de trabalho saudáveis e positivos. À medida que as empresas reconhecem os benefícios de investir no bem-estar dos colaboradores, surgem iniciativas e abordagens inovadoras para promover a saúde física, mental e emocional no local de trabalho.
Dentro das tendências wellness, promover um ambiente de trabalho equilibrado e saudável não só contribui para o bem-estar individual dos funcionários, mas também para a produtividade, a retenção de talentos e a criação de uma cultura organizacional positiva. É fundamental que os spas e outras empresas do setor sejam conscientes desse papel e adotem práticas que promovam o bem-estar dos seus colaboradores, algo que ensinamos na formação Spa & Wellness Management.
4) Tendências Wellness & Beleza: do Natural ao Biotech
A par com outros setores, também na hora de escolher produtos ou equipamentos de beleza, são cada vez mais valorizadas as evidências que a ciência nos oferece. Segundo a GWI, estamos em plena reviravolta no setor da beleza: o apelidado “natural” está a deixar de ser o objeto de desejo primário, para dar lugar a produtos apoiados pela ciência.
Estamos em pleno desenvolvimento de produtos médicos, bio positivos e tecnológicos.
Os consumidores de beleza estão mais exigentes e sublinham a importância de haver mais educação e formação na área da beleza, bem como mais transparência. É exigida uma base científica sólida nas formulações de ingredientes e formulações biotecnológicas, que se mostram muito mais eficazes do que os extratos naturais.
Hoje em dia, não basta afirmar que um produto é bom; é necessário transmitir porquê e em que medida o é. Os consumidores procuram informações claras e com embasamento científico que comprovem os benefícios e a eficácia dos produtos de beleza.
A educação e a formação desempenham um papel crucial nesse cenário, capacitando profissionais da área da beleza com conhecimentos atualizados sobre os avanços científicos e tecnológicos. Além disso, a transparência nas informações sobre os produtos, incluindo a divulgação clara dos ingredientes utilizados e a explicação dos seus benefícios com base em evidências científicas, ajuda a construir a confiança dos consumidores.
À medida que a ciência e a beleza se unem, é essencial que os consumidores sejam informados de forma clara e transparente sobre os benefícios e as evidências que sustentam os produtos. A demanda por produtos de beleza baseados em ciência continuará a crescer, impulsionando o setor a se adaptar e oferecer soluções inovadoras que realmente entreguem resultados visíveis e confiáveis.
5) Wellness Urbano: quando as infraestruturas podem salvar cidades
A par de outras tendências wellness, a pandemia veio revelar a necessidade de alterar a forma como encaramos diversos setores da nossa vida, incluindo a estrutura urbana. A construção de cidades, com casas empilhadas umas sobre as outras e afastadas da natureza e de outros elementos essenciais ao bem-estar humano, revelou-se insustentável e desconectada das necessidades das pessoas.
A “infraestrutura de bem-estar urbano” deixou de ser vista como um luxo e passou a ser encarada como uma necessidade fundamental. Essa tendência busca maneiras criativas de tornar as zonas urbanas mais saudáveis e felizes, abordando a saúde social, mental e física de forma holística.
Um exemplo pioneiro nesse sentido é o High Line, um parque suspenso construído há 20 anos numa antiga via ferroviária no coração de Nova Iorque. Esse espaço proporciona um ambiente onde as pessoas podem socializar, exercitar-se e conectar-se com a natureza. É um exemplo de como as cidades podem ser repensadas e construídas para se tornarem lugares que promovem o bem-estar, indo além de spas ou ginásios.
A ideia de infraestruturas de bem-estar urbanas engloba espaços que estão interligados e que incentivam o equilíbrio entre todas as dimensões do ser humano. Trata-se de criar ambientes que promovam a saúde física, mental e social, onde as pessoas possam desfrutar de espaços verdes, áreas de lazer, locais para atividades físicas, acesso a serviços de saúde e bem-estar, entre outros.
Essa abordagem holística na construção das cidades é essencial para o bem-estar e a qualidade de vida dos seus habitantes. Ao repensar a infraestrutura urbana, levando em consideração o bem-estar, as cidades podem se transformar em locais mais saudáveis, sustentáveis e harmoniosos, proporcionando uma melhor qualidade de vida para todos.
6) Tendências Wellness e a Obesidade: “Gordura Marrom e o Avanço da Obesidade”
Uma das maiores tendências da medicina e do bem-estar atualmente é a capacidade de viver melhor e mais jovem. O Dr. Michael Roizen, autor desta tendência no artigo da GWI, destaca que “um fator crucial na procura da longevidade é reconhecer que nem toda a gordura é criada da mesma forma, e transformar gordura branca/amarela em gordura bege/marrom tem o potencial de combater uma das maiores crises de saúde mundial – a obesidade”.
O motivo disto está ligado às distintas características destas gorduras. Enquanto a gordura marrom tem potencial para queimar muitas mais calorias, a branca não usa muita energia e é metabolicamente ineficiente.
É possível mover a gordura branca para marrom e promover a perda de peso e consequentemente combater doenças cardíacas, cancro, demência e outras doenças associadas à obesidade.
Esta tendência está apoiada em numerosos estudos e existem muitos exemplos de como transformar células brancas em marrons. Entre as alternativas existentes destacamos as terapias frias, atualmente muito em voga, onde pesquisas mostram que o tecido adiposo marrom pode ser estimulado através da crioterapia.
7) Wellness e os governos: o argumento para a união
As políticas de bem-estar têm levado anos a ser construídas. Atualmente, os governos começam a reconhecer que os custos económicos e sociais resultantes do mal-estar físico e mental das pessoas são elevados. As doenças reduzem a força de trabalho e a produtividade, o que é uma combinação catastrófica para o crescimento económico a longo prazo.
O segredo está sempre no investimento na prevenção, em vez de investir em medidas corretivas. Esta abordagem tem-se mostrado ineficaz em várias áreas económicas.
A tendência atual é apoiar políticas focadas na melhoria do bem-estar físico, mental, laboral, ambiental e até financeiro. Exemplos disso são as campanhas de incentivo a uma alimentação mais saudável, como a redução obrigatória de açúcares e sal em diversos produtos; o financiamento da agricultura regenerativa e a proteção da biodiversidade; e a promoção do equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, através de leis como o “direito à desconexão”.
Estas políticas visam criar um ambiente propício para que as pessoas possam viver vidas mais saudáveis e equilibradas. Ao investir na prevenção e promoção do bem-estar, os governos podem reduzir os custos associados às doenças e criar uma sociedade mais produtiva e resiliente. É fundamental que estas políticas sejam implementadas e acompanhadas por medidas efetivas para garantir o seu sucesso e impacto positivo na vida das pessoas.
8) Wellness e a Água: azul, quente e selvagem
Com a ideia de distanciamento social criada durante a pandemia, as pessoas começaram a voltar-se para atividades na natureza, uma tendência que atualmente não mostra sinais de diminuição. Embora essa busca seja generalizada, a maior demanda está concentrada em áreas aquáticas, como destinos com fontes termais e natação em águas abertas, que se tornaram populares globalmente.
As fontes termais estão prestes a se tornar a próxima grande novidade no campo do bem-estar, com um número sem precedentes de novos destinos em desenvolvimento. No entanto, engana-se quem pensa que as fontes termais são apenas locais de relaxamento.
Aqui, estão a ser desenvolvidas uma variedade de atividades de entretenimento social que atraem públicos de todos os tipos, incluindo aulas aquáticas de bem-estar, meditação, ioga, restaurantes e bares imersivos.
Pelo lado frio da tendência, há um crescente interesse pela natação em águas abertas. Grupos e resorts de natação em águas abertas estão a oferecer programas de natação e mergulho, em grupo, para promover a conexão com a natureza. Essa tendência reflete o desejo das pessoas de se reconectarem com ambientes naturais e desfrutarem dos benefícios para o bem-estar físico e mental que a água proporciona.
9) Wellness e o desporto: novos modelos de negócio para a hotelaria
Para dar resposta à crescente procura de clientes focados no bem-estar, várias marcas de hospitalidade têm desenvolvido programas que vão além da simples oferta de ginásios em caves. A ideia é instalar equipamentos de nível profissional, promover aulas de ginástica e um pacote completo de iniciativas wellness.
A previsão do GWI é de que marcas que apoiam esta tendência acabem por destacar-se e tornarem-se as preferidas das gerações futuras. Um dos impulsionadores desta tendência são as campanhas de marketing e as redes sociais, que mostram as rotinas de bem-estar de atletas famosos, alimentando o fascínio do público.
Marcas como Atlantis Resorts e One&Only Resorts começam a responder a esta procura com novos conceitos. Outro exemplo é o Zulal Wellness Resort by Chiva-Som, no Catar, que oferece tratamentos exclusivos de medicina tradicional árabe e islâmica e acolheu a seleção Alemã de futebol durante o Mundial em 2022.
Prevê-se que o mercado desportivo atinja os 20 mil milhões de dólares até 2027. Um mercado que pode ser aproveitado em diversos setores do mundo desportivo e não apresenta sinais de abrandamento.
10) Wellness e os sentidos: integração multissensorial
Segundo o Global Wellness Institute, os avanços da neurociência e da neuroestética confirmam que, ao combinar estímulos aos diversos sentidos, as experiências humanas são elevadas.
Tal como toda a natureza é multissensorial, nós também o somos.
Esta é uma temática que nós, Wellness Academy, temos abordado com alguma regularidade. É quase inconsciente criação experiências de bem-estar associadas a vários sentidos.
Uma simples experiência de spa pode ser elevada apelando aos vários sentidos: uma massagem envolve o toque; a música de fundo e o som de uma cascata envolvem a audição; a cromoterapia, as velas acesas e as cores escolhidas como reflexo da história da marca, são estímulos visuais; o sabor de um chá, ou de uma água aromatizada, são estímulos ao paladar, os aromas estrategicamente distribuídos apelam ao olfato. A própria temperatura e humidade apelam aos nossos sentidos.
Toda esta abordagem está a deixar de existir de forma isolada. Agora as marcas optam por estimular vários sentidos em simultâneo para alcançarem melhores resultados de bem-estar e ampliarem a experiência do consumidor.
“Um exemplo disto é o Six Senses que se uniu ao Mycoocoon para criar experiências gastronómicas sinestésicas, permitindo aos hóspedes saborear as cores e os sons” [GWI report].
Caso a temática terapia das cores seja algo que lhe desperta interesse, aproveite também para ler sobre cromoterapia e a sua influência na experiência do consumidor.
11) Wellness e o Biohacking: o velho oeste do biohacking
Segundo o GWI, o biohacking é a tentativa de controlar a biologia e desafiar doenças, a decadência e a morte, com o objetivo de nos tornarmos sobre-humanos. A ideia não é nova; os nossos antepassados eram biohackers magníficos e desenvolveram técnicas como o jejum, isolamento, cânticos, ioga, artes marciais, manipulação da temperatura corporal e medicamentos naturais para aumentar a saúde e o bem-estar.
No entanto, com a incorporação da tecnologia neste campo, como a inteligência artificial (IA) e as interfaces cérebro-computador, entre outras, torna-se possível realizar manipulações biológicas e monitorizar de forma próxima e imediata a saúde de cada um de nós. Por exemplo, a IA pode captar comportamentos biológicos e realizar tarefas que os humanos simplesmente não estão preparados para fazer sozinhos, e fazê-lo de forma mais consistente e económica. Prevê-se que em breve ela esteja disponível globalmente para cuidados médicos, o que é uma perspectiva fantástica.
Além disso, haverá tecnologias regenerativas disponíveis que nos permitirão regenerar tecidos, membros ou órgãos. No entanto, esses avanços, assim como outros semelhantes, são como um “velho oeste selvagem” e levantam questões morais, legais e éticas. Vários atores do setor científico, e não só, têm destacado a importância de criar uma legislação sólida para lidar com essas questões. Isso ocorre porque, assim como os hackers de computadores ignoram os sistemas de segurança, os biohackers realizam experiências em si mesmos e analisam, partilham e comparam dados sem supervisão ética, regulamentada ou recurso às autoridades estabelecidas.
12) Wellness e a Fé: ter fé nos negócios
Durante a pandemia, houve um ressurgimento da fé não apenas em pessoas individuais, mas também, de forma surpreendente, no setor corporativo. Empresas que antes se concentravam principalmente em iniciativas relacionadas com diversidade, equidade e inclusão social (DEI) agora levam em consideração a identidade integral dos indivíduos, incluindo questões de fé.
Olhando para os números, de acordo com o GWI, a religião é um fator importante para 84% das pessoas em todo o mundo, representando 23 vezes mais pessoas do que aquelas sem religião. A inclusão em torno da fé tem um impacto significativo no recrutamento, retenção de talentos e receita, demonstrando ser um poderoso elemento para a saúde e resiliência dos colaboradores.
Além da religião, a fé é vista como todo um sistema de crenças espirituais, sejam elas de natureza religiosa, agnóstica ou ateísta. A valorização igualitária das diversas crenças enriquece a cultura organizacional e torna-se um novo aspecto do bem-estar no local de trabalho.
Na Wellness Academy, somos especialistas em consultoria de spa e em formação spa & wellness, capacitando organizações a otimizarem os seus serviços e a se destacarem no setor em constante evolução. Os nossos serviços englobam várias das mais recentes tendências Wellness.
Acreditamos que é possível implementar novas tendências wellness e respeitar as mais antigas e vincadas tradições de cada espaço. Conte connosco para impulsionar os seus serviços Wellness & SPA a níveis de excelência. Descubra como podemos ajudar a melhorar a sua oferta no mercado Wellness.